Submitted by Dr. Roberto Silva on Fri, 01/04/2019 - 06:29

Vivemos um momento de crise geral, e ela tem atingido a família. Parece que nos dias atuais tem sido cada vez mais difícil mantê-la unida. A família é o espaço intermediário entre o indivíduo e a sociedade, de forma que tudo o que o afeta vai repercutir na família e na sociedade, de modo que as tensões, problemas e crises afetam a família e seus membros. Família é um sistema social uno, composto por um grupo de indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciados, se consolidam como um todo, mesmo objetivo.

A crise familiar é resultado dos conflitos que não foram resolvidos entre o casal. Os conflitos surgem das divergâncias, tais como: finanças; empregos; rivalidade entre familiares; indisciplina dos filhos; disputas de poder entre pais e filhos; influência de outros membros da família; objetivos e ideias diferentes; questões mal resolvidas; a falta de comunicação adequada; dificuldade de resolver problemas em conjunto; surgimento de novos modelos familiares; inserção massiva da mulher no mercado de trabalho; aumento no número de separações e divórcios; casamentos sucessivos; casais com filhos diferentes; as chamadas "produções independentes" tornam-se mais frequentes; duplas de mães solteiras ou já separadas que compartilham a criação de seus filhos. 

O casamento requer nível de maturidade de cada cônjuge, que inclui disposição para assumir responsabilidade pelos seus próprios atos, seu próprio bem-estar e mais o bem-estar do cônjuge e filhos, incluindo também, prontidão vocacional, capacidade de ganhar a vida, de modo que proveja adequadamente as necessidades de sua família.

Também, o fato de as pessoas conviverem com personalidade e alvos diferentes, pode resultar em tensões que originam conflitos e o modo como se reage vai fazer a diferença, devendo-se separar sentimentos de ações.

Por mais que haja compreensão e amor entre duas pessoas, cedo ou tarde os conflitos acabam aflorando e, na realidade, torna-se importante que aconteçam, pois servem para indicar onde o relacionamento não está harmônico e, assim, ser corrigido. Cada conflito deve ser, portanto, uma oportunidade de crescimento e de aproximação entre o casal.

Se o casal não administrar bem o conflito, isto resultará em uma crise que, infelizmente, poderá abalar a estrutura conjugal.

A crise é uma ruptura no interior das relações que exige uma busca de novas formas de funcionamento e, melhor adaptação à nova situação por ela criada. Em consequência disso, as crises produzem situações que, de um lado, ameaçam a estabilidade do sistema e, por outro, apresentam a oportunidade para que o sistema mude. Torna-se importante não se confundir uma crise com problema ou tragédia, e sabe-se que os problemas existem sem que necessariamente levem a uma crise.

Uma pessoa ou sistema familiar pode entrar em crise ao perceber um acontecimento, uma situação ou estímulo inesperado e, neste caso, o tempo que transcorre entre o impacto da notícia e a vivência da crise pode ser mínimo. Porém, uma crise pode desencadear-se quando uma situação é interpretada como algo ameaçador e, ante a esses perigos, os quais são percebidos como demolidores, as pessoas se prostram caso não encontrem um caminho efetivo para enfrentá-los. As crises acontecem quando os recursos habituais ou extraordinários tornam-se ineficazes para lidar com a situação, permitindo, assim, que a tensão aumente até ultrapassar a capacidade de manejo da pessoa ou do sistema familiar.

É neste quadro que muitos cônjuges se machucam emocionalmente. São sentimentos negativos produzidos por palavras e ações que ferem o mais intimo do ser e faz com que mágoas sejam acumuladas.

As mágoas acumuladas no relacionamento transtornam o comportamento das pessoas dificultando uma comunicação saudável. Neste ponto muitos pensam que a separação será a solução. 

As separações ocorrem principalmente quando o casal, ou um dos cônjuges, se apresenta profundamente incapacitado para ouvir, e, portanto, dialogar. Nesses casos, pelo menos um deles adota uma atitude altamente defensiva. Essa pessoa, em atitude de defesa, geralmente é muito rígida, considera-se absolutamente certa em suas opiniões e verdades, julgando, portanto, o outro como o único, ou o mais errado. 

Muitos casamentos não sobrevivem à saída, ou mesmo à independência dos filhos, e o divórcio acontece após 20 anos ou mais de casados. No Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 15% das separações judiciais concedidas em primeira instância ocorreram entre 15 e 19 anos de casamento e 19% com 20 anos ou mais. 

Mas, existe solução quando você não vê a saída. Isto mesmo, não existe casamento sem problemas e todo casamento exige renúncia e adaptação. Nenhum casamento sobrevive sem perdão e restauração, e nos dias de hoje se fala que família é o problema número um. A família tem sido atacada de forma vigorosa pelas perigosas filosofias pós-modernas. Vive-se no meio da era pós-moderna, onde os valores absolutos das relações conjugais estão sendo relativizados. Mas pare e pense: Qual o objetivo do seu casamento? Se não houver objetivo uma dificuldade pode se tornar um obstáculo, mas se houver objetivo, a dificuldade poderá ser um desafio mas nunca um obstáculo.

Muitas pessoas hoje discutem e procuram divorciar sem entenderem que o casamento não é uma união experimental, a aliança conjugal não termina quando as crises chegam.

Por isso, vale a pena todo esforço para manter um relacionamento saudável. É preciso manter o diálogo observando que a base da relação conjugal deve ser amor, respeito e confiança. Com esta base construída fica mais fácil estabelecer um relacionamento seguro onde cada um terá a recompensa como resultado da sua participação.